Guerra na Colômbia teve pior ano em 2024 desde Acordo de Paz com Farc

Informação é do Comitê Internacional da Cruz Vermelha

Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) trabalha no conflito na Colômbia
28 de Março de 2025 - 13h08

Os conflitos armados na Colômbia tiveram, em 2024, o pior ano desde 2016, quando foi assinado o Acordo de Paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). O levantamento é do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e foi divulgado nesta quinta-feira (27).

“O uso de artefatos explosivos, deslocamento e confinamento, bem como a gravidade dos ataques aos cuidados de saúde, atingiram números não vistos no país há mais de oito anos”, resumiu o chefe da delegação do CICV na Colômbia, Patrick Hamilton.

Ao todo, a organização humanitária internacional registrou 382 casos de violações do direito humanitário internacional (DIH).

“Destes, 44% foram atos cometidos fora das hostilidades, dirigidos contra a vida e a integridade física e mental de pessoas protegidas pelo DIH, como a população civil e aqueles que permaneceram fora dos combates”.

O CICV calculou ainda que mais de 88 mil pessoas sofreram com confinamento forçado em 12 departamentos do país, em 2024, devido aos oito conflitos armados não internacionais que o Comitê calcula que estejam ativos no país sul-americano.

“Em 2024, os confinamentos de comunidades na Colômbia atingiram seu ponto mais crítico dos últimos oito anos. Os eventos de confinamento aumentaram em 102% e a população afetada cresceu 89% em comparação ao ano anterior”, diz o informe.

O documento não levou em conta os conflitos registrados neste ano de 2025, na região do Catatumbo, após o Exército de Liberação Nacional (ELN) declarar guerra contra grupos dissidentes das Farc.

O conflito em Catatumbo, o maior dos últimos anos, levou à expulsão de cerca de 52 mil pessoas de suas casas, reduzindo as chances de “Paz Total” promovida pelo atual governo do país. Estima-se que 8,6 mil pessoas sofreram com confinamento em Catatumbo após os conflitos iniciados em janeiro de 2025.

A CICV explica que o confinamento forçado é quando as comunidades ficam com a locomoção restrita aos seus territórios, sem poder se locomover para outras áreas, em razão de ameaças diretas de grupos armados ou por estratégias das próprias comunidades para evitar riscos.

FONTE: EBC