Crise nas prefeituras paralisa hospitais em várias cidades de São Paulo
Sem verbas próprias e com atraso nos repasses das prefeituras, hospitais que atendem pelo sistema público de saúde estão parando em todo o interior paulista. Em várias cidades, consultas, cirurgias e internações acabaram suspensas por falta de profissionais ou o atendimento foi reduzido para enxugar custos. Há ainda médicos e funcionários em greve por falta de pagamento.
Estudantes de Medicina e funcionários do Hospital Santa Lucinda, de Sorocaba, saíram em passeata na quarta-feira passada contra a suspensão de convênio da prefeitura com o hospital que garantia o atendimento de 3.000 pacientes e até 800 internações por mês. Os estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) alegam que 80 leitos separados para o Sistema Único de Saúde (SUS) estão sendo desativados.
Funcionários da Santa Casa de Valinhos fizeram um protesto na mesma quarta contra o atraso nos salários.
Eles não receberam o adiantamento de dezembro e a primeira parcela do 13º salário. O hospital diz que o repasse da prefeitura atrasou e o ato não prejudicou o atendimento. A prefeitura negou o atraso e informou que, neste ano, já repassou 18 milhões de reais ao local, valor acima do repassado em anos anteriores.
Grávidas — As gestantes de Angatuba estão sendo obrigadas a viajar para Itapetininga, a 110 quilômetros, para dar à luz. A Santa Casa local reduziu o atendimento às parturientes, depois que cinco médicos deixaram de atender por falta de pagamento. O único hospital da cidade alega falta de condições financeiras para manter os profissionais.
Em Jundiaí, o Hospital São Vicente suspendeu as cirurgias não emergenciais e dispensou 25 médicos do pronto-socorro. Outros funcionários e médicos terceirizados estão com salários atrasados. A administração também alega falta de repasses da prefeitura. O São Vicente atende 25.000 pessoas, faz 1.300 internações por mês e é o único hospital filantrópico de referência para a rede pública na cidade.
Os 30.000 moradores de Rio das Pedras estão sem hospital para casos urgentes. O São Vicente de Paulo suspendeu as internações, alegando que a prefeitura não faz repasses desde agosto, acumulando débito de 1,5 milhão de reais. Sete dos doze médicos pararam de atender por falta de pagamento. Os casos graves são levados para Piracicaba, mas as transferências também foram afetadas pela falta de pagamento à empresa de transporte. A prefeitura reconheceu a “grave dificuldade financeira, como a maioria dos municípios do Brasil”.
Serviço até 19 horas — As 63 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Campinas reduziram o horário de funcionamento. Desde o início de dezembro, o limite de atendimento diário passou a ser às 19 horas e não mais às 22 horas. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, Carmino Antonio de Souza, o objetivo é reduzir custos e um estudo mostrou que, após as 19 horas, há queda de 80% nos atendimentos. Conforme Souza, a medida não afeta as unidades de pronto-atendimento, pronto-socorro e hospitais que atendem urgência e emergência 24 horas.
(Fonte Estadão Conteúdo)